"Deixando Ele a sinagoga, foi para casa de Simão. Ora, a sogra de Simão achava-se enferma, com febre muito alta; e rogaram-lhe por ela. Inclinando-se Ele para ela, repreendeu a febre, e esta a deixou; e logo se levantou passando a servi-los. Ao por do sol , todos os que tinham enfermos de diferentes moléstias, lhos traziam, e eles os curava, impondo as mãos sobre cada um. Também de muitos saiam demônios, gritando e dizendo: Tu és o filho de Deus! Ele porém os repreendia para que não falassem, pois sabiam ser Ele o Cristo"
O que é uma febre diante de uma possessão demoníaca? Ou o que é uma "febrizinha" diante de uma lepra? Isso é o que muita gente pensa olhando para esse texto, visto que ele se encontra entre duas histórias tensas, onde o milagre se manifestou entre os destroços de pessoas completamente arrebentadas. Gostamos de categorizar as dores e criar o "top dos dez piores sofrimentos". Ainda bem que com Jesus não é assim! Lepra não é um problema maior do que uma rejeição, Ele dá atenção a um coxo, mas também cura um gago, ele expulsa demônio de um jovem, mas cura também a febre de uma mulher. Pra Jesus nossa dor sempre é dolorida, independente de ser metástase ou não. Por isso Ele dá atenção a todos nós sem questionar se temos ou não motivos para chorar. Ele enxuga nossas lágrimas, Ele nos pega no colo se arranharmos ou se nos quebrarmos ao cair dos penhascos da vida.
A sogra de Pedro estava com uma febre que poderia matá-la, logo ela se tornou alvo da intercessão de alguém, e na vida também é assim. Nem sempre os enfermos conseguem gritar ou se arrastar entre a multidão, às vezes se faz necessário que um amigo peça por quem desfalece. O intercessor tem sempre o seu lugar na história, quem intercede se parece com Cristo e talvez uma das maiores necessidades da igreja não seja de pessoas mais inteligentes, mais ricas, mais poderosas; talvez uma das maiores necessidades da igreja seja de pessoas capazes de se compadecer com a dor alheia e interceder com a intensidade de quem ama de verdade.
Jesus se inclinou para a mulher e deu ordens para que a febre fosse embora e a febre a deixou, pois a voz de Jesus é mais poderosa que qualquer anti-térmico que venha a ser desenvolvido. A mulher que estava morrendo de febre de repente se levantou e passou a servir a Jesus e a todos que estavam ali. Ela se serviu da graça para poder servir o Senhor da graça. Seria bom se todos que um dia se serviram da graça de Deus tivessem essa mesma atitude da sogra de Pedro, mas infelizmente não é assim na maioria dos casos. Boa parte das pessoas que são tocadas pelas mãos de Jesus se enclausura em suas ambições e se tornam demasiadamente vagarosas no serviço cristão. Passar a servir depois de ser servido é a grande lição que precisamos aprender. Jesus nos serviu, agora resta-nos abraçar a bacia e a toalha e servirmos uns aos outros em amor.
O aroma da graça se espalhou de uma forma tão rápida naquela cidade e em suas redondezas que em pouco tempo a casa que abrigava uma mulher que jazia em febre e foi curada, de repente foi tomada por enfermos e endemoniados de toda natureza. Jesus atraia multidões porque amava, Ele sempre se compadeceu daqueles que vagueavam de um lado para o outro como se fossem ovelhas sem pastor. Aquela casa se transformou em um hospital porque o Médico dos médicos estava ali. O Jesus dos evangelhos tem esse poder de mudar o ambiente, trocando o desespero pela esperança, matando a morte e gerando vida, expurgando o ódio e semeando a paz.