Quando penso na morte do meu Senhor logo me vem à cabeça a forma como Ele escolheu morrer (que ninguém se engane, Ele escolheu). Em João 19 vs 30 está claro: "E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito" [ARA]. A sentença indica que Jesus entregou o seu espírito como um ato de sua própria vontade. Ninguém seria capaz de tirar sua vida, pois voluntaria e espontaneamente ele a entregou (João 10 vs 17-18).

A cruz que ele escolheu morrer era um símbolo de desprezo, até mesmo os próprios cidadãos romanos era isentos deste tipo de morte, somente os escravos mereciam tal execução, só os traidores, desertores, ladrões, piratas e assassinos eram punidos com esta morte. O sofrimento era intenso, na maioria das vezes era precedido de uma inflamação associada ao sangramento causado pelas feridas que foram abertas e que produziam uma febre traumática, que era agravada por três fatores: a exposição ao calor do sol e aos insetos, a posição retorcida do corpo e a sede insuportável. As feridas inchavam em torno dos cravos ásperos e os tendões e nervos dilacerados causavam uma agonia insuportável. As artérias da cabeça e do estomago ficavam intumescidas de sangue, resultando em uma terrível dor de cabeça latejante. A mente ficava confusa e tomada de ansiedade e pavor. (Matos e Maia, 2008, p.13).

O Dr. Barbet, médico francês, diz que nesses casos sempre surgia o tétano, precedido de convulsões, e essas convulsões ajudavam a rasgar ainda mais os ferimentos e aumentavam a dor, e a vítima, totalmente esgotada, mergulhava na inconsciência da morte. Mas ele observa que Jesus em seus últimos instantes lentamente parece fazer um esforço sobre-humano; apoia seus pés feridos sobre os pregos que o rasgavam ele se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem, sua respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o seu rosto recupera a palidez. Ainda quase como um asmático em plena crise de ar, Jesus se esforça. Por que este esforço? Porque Jesus quer falar? Não parece fazer sentido, Jesus envolvido por uma asfixia, sem forças para fazer seu pulmão esvaziar, sua fonte está impregnada de espinhos que o machucam tanto a ponto de fazerem seus olhos saltarem pela órbita. Dor inimaginável! Mas ele quer falar e enfim se ouve a sua voz: Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.

Quando penso na fala de Jesus só tenho uma certeza: ele tem razão! Assim como aqueles que o crucificaram eu também não sei o que faço, porque como diz Paulo: "o bem que quero não faço, o mal que não quero está sempre diante de mim". Pai me perdoa porque não sei o que faço, em tempos de eleições tantas pessoas se destratando pelo face, se bloqueando, se odiando, destilando preferencias e se destratando uns aos outros, só posso pedir: pai perdoa-nos, nós não sabemos o que estamos fazendo. Obrigado Jesus pelo seu pedido de perdão naquela cruz! O que seria de mim sem ele.

Ao escrever esse texto pensei em todas as minhas misérias e falhas tudo o que eu realmente sou. A cruz de Jesus me fez pensar o que eu quero ser; quero ser grato pelo seu perdão, Jesus, quero reconhecer que o seu sacrifício na cruz não foi em vão. Jesus, quero adorá-lo enquanto houver folego de vida em mim. Jesus, quero declarar que te amo, quero ser grato pela minha família, amigos, irmãos. E mais do que isso, entendi que eu não havia compreendido o significado da Cruz. Se fosse hoje, teríamos matado Jesus com mais humanidade, mataríamos ele enforcado, eletrocutado, câmara de gás, injeção letal ou talvez um fuzilamento; seriamos mais "humanos", e talvez Jesus diria: quem quiser vir após mim tome sua cadeira elétrica e siga-me, é no mínimo engraçado porque na verdade gostaria que o meu Senhor tivesse tido uma morte mais heroica, tipo algum dos vingadores. Só que não, ele escolheu a cruz, não recebeu medalhas, não levantou nenhuma taça, foi só morte e vergonha porque ele levou sobre si, todas as minhas enfermidades, pecados, crimes e o castigo que me trouxe a paz estava sobre ele, então só posso agradece-lo e dizer: ó bendita cruz, a sua maldição me trouxe vida e vida em abundância, OBRIGADO MEU JESUS, TE AMO.