Entre pastores e palhaços
Minhas referências pastorais também são minhas referências de vida. Aprendi ao decorrer da minha caminhada a observar homens dos quais o mundo não é digno, e Deus me deu a grande oportunidade de andar com alguns desses “anjos disfarçados de gente”. A igreja O Brasil Para Cristo em Minas Gerais tem deixado um legado poderoso para as próximas gerações. Quem está chegando, ainda tem o privilégio de sentar à mesa com verdadeiros heróis da fé e se alimentar de testemunhos dignos de um livro ainda não escrito, mas, que sem esforço nenhum, se tornaria um best-seller nesse mundo tão carente de cartas vivas.
O chamado pastoral é, sem sombra de dúvidas, uma das coisas mais honrosas dessa vida. Compartilhar da intimidade do Senhor, andar com Ele e ser um instrumento em Suas mãos não tem preço. Sou grato ao Senhor por incendiar meu coração e me chamar para uma causa tão nobre, mesmo em tempos tão difíceis. Contudo, é exatamente em tempos como esse, que a peneira do construtor da história se move, separando vocacionados de oportunistas.
É com dor no coração que tenho visto uma desconstrução paulatina da figura pastoral no meio sociocultural e até mesmo entre os próprios cristãos. O esforço de quem está divorciado da Palavra tem tido êxito até na própria igreja, que não consegue diferenciar pastores de palhaços. Não são poucas as vezes que alguém me pergunta se vi o vídeo do “pastor” Fulano contando aquela piada, ou zombando de sei lá o que. Charles Spurgeon profetizou: "Chegará um dia em que no lugar dos pastores alimentarem as ovelhas, haverá palhaços a entreter os bodes". É triste perceber que esse dia chegou, e o pior é que nem percebemos essa transformação chegando aos púlpitos.
Os palhaços estão de terno, gravata e toalha, eles não usam mais o nariz vermelho e nem maquiagem na cara. Zombam da fé e dos dons espirituais que foram dados `a igreja, caminhando no fio da navalha entre o que é arte e o que é blasfêmia. Com o discurso de que a igreja precisa ser mais leve e a pregação precisa ser mais acessível, levam os ouvintes aos risos, e as lágrimas de arrependimentos são substituídas por gargalhadas de entretenimento. Os palhaços são ousados! O palco ou o circo não são suficientes para eles; eles querem o altar! Profanam em nome do deus deles. Não há limites para o humor, assim dizem os sacerdotes do riso. O que me assusta é ver que os próprios pastores estão se rendendo a esse movimento, cedendo seus púlpitos aos palhaços sem se quer levarem em conta o que Deus está achando de tudo isso. Não consigo ver o Santo e Poderoso Deus dando gargalhadas do que tem sido jorrado de muitos altares por aí.
Sigo minha caminhada com homens que têm o que acrescentar a minha vida. Continuo admirando aqueles que ainda têm o olhar gravado pela eternidade. Eu ainda consigo reconhecer pastores de verdade, e esses têm acesso ao lugar de honra que me foi conferido para alimentar as ovelhas do Senhor. O que temos de mais precioso é a pregação que leva o homem ao caminho do arrependimento, portanto, supervalorizar o método em detrimento da mensagem é procurar atalhos de um caminho sem cruz. Cuidado! Para que um dia você não ouça: há morte na panela!
Pr Jonatas Oliva
Janeiro de 2024